segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Comprar ou alugar?

Esses dias li um artigo muito bom, sobre aquela polêmica questão entre comprar ou alugar um imóvel. Segue na íntegra:


Comprar ou alugar?
CorreioWeb - Lugar Certo
Mauro Calil é professor e educador financeiro, fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil&Calil

13 de outubro de 2010 - Recebo o questionamento recorrente sobre ser ou não ser um bom investimento comprar um imóvel. O ponto crucial é que as pessoas que me questionam, via de regra, recém saíram de um stand de vendas à frente de um apartamento divinamente decorado e estão com uma proposta de financiamento quentinha em mãos e ainda repetindo todos os argumentos do vendedor. Não raras vezes, ouço frases como: "o corretor fez uma condição especialmente para mim". A situação frágil do comprador piora ainda mais se estivermos falando da compra de seu primeiro imóvel. Todos estes questionamentos, na minha avaliação, soam como a busca por uma justificativa financeira, embasada em números resultantes da calculadora de um profissional isento, que prove, matematicamente, que aquele será um bom negócio.

Recentemente, fiz o seguinte ensaio no site de um grande banco para a compra de um imóvel de R$ 500.000,00, financiado em 30 anos, com R$ 100.000,00 de entrada e juros à taxa efetiva de 12,75% ao ano. A simulação resultou em 360 parcelas fixas de R$ 4.368,03 (x 360 = R$ 1.572.490,80). Portanto, no período estimado, pagaríamos R$ 1.172.490,80 somente de juros. Vale ressaltar que, para um imóvel na cidade de São Paulo, a renda mínima exigida era de R$ 16.177,89.

Digamos que você tenha os 20% de entrada e tenha como pagar tal parcela de R$ 4.368,03. Ainda assim, é um bom negócio? Para achar a resposta, proponho outro exercício. Vamos alugar o imóvel de R$ 500.000,00. Seu aluguel, na mesma cidade, em um bairro desenvolvido, giraria em torno de R$ 2.500,00 a R$ 3.000,00. Então, para sermos conservadores no raciocínio, pagaremos R$ 3.000,00 de aluguel e a diferença entre o aluguel e a parcela (R$ 1.368,03), mais os R$ 100.000,00 de entrada, vamos aplicar no Tesouro Direto que nos renderá uma taxa líquida de 0,55 ao mês no período. Com isso, em 140 meses (11 anos e 8 meses), teríamos nossos R$ 502.861,09. Neste período, também teríamos pago R$ 420.000,00 em aluguéis.

Quem não tem imóvel deve alugar um de quem tem para morar. E quem não tem dinheiro deve alugar dinheiro de quem tem para satisfazer seu desejo de comprar. A cultura do brasileiro diz que aluguel é dinheiro jogado fora. Se você acredita nisso, então escolha o menor desperdício.

Diante deste raciocínio, surgem novos questionamentos como: (1) Mas não foi considerada a valorização do imóvel, (2) nem a inflação do período e (3) tão pouco a atualização do aluguel pelo IGP-M. De uma maneira simples, , vou responder a essas questões com outras perguntas:

Quem disse que imóvel só valoriza? Basta visitar o centro antigo das grandes capitais brasileiras que você verá muita coisa que, um dia, foi valorizada por preços muito baixos. O que valoriza um imóvel é o desenvolvimento do bairro ao seu redor. Se este bairro já estiver formado, provavelmente seus preços já estão próximos do pico com baixo potencial de elevação. O mesmo raciocínio de desenvolvimento deve ser levado para cidades do interior.

Outro ponto na questão da valorização é a conta errada usualmente feita. O comprador se convence que comprou por R$ 500.000,00, vende por R$ 1.500.000,00 após 30 anos, acha que está milionário e fez um grande negócio, triplicando seu capital. Mas repare que o preço pago foi de 100.000,00 de entrada mais R$ 1.572.490,80 nas parcelas, ou seja, R$ 1.672.490,80.

Não obstante, no ato da compra, ocorreram despesas com certidões, ITBI, registros e até taxa de avaliação que parecem ser convenientemente esquecidas pelos corretores dos stands de venda ao mostrarem o preço por metro quadrado do produto.

Para respondermos as perguntas dois e três, se formos atualizar os aluguéis, também teremos de atualizar as parcelas das prestações, além de atualizar monetariamente as aplicações financeiras. Ou seja, tudo fica no raciocínio de dinheiro de HOJE. Sem exercícios de adivinhação que, em nada, melhorariam a precisão dos cálculos.

Finalmente quero te dizer que SIM você pode ter seu imóvel. Escolha o caminho mais fácil para isso sem cair na armadilha de falsas crenças.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Prejuízo à vista

Algum tempo depois, estou escrevendo este post continuando o papo sobre pagamentos a vista ou pagamentos parcelados. Estou novamente em mora, mas antes tarde do que nunca. Prometo e cumpro, só não dentro do prazo...


Conforme comentado no post anterior, comprar a vista nem sempre é a melhor opção, embora na maioria da vezes seja. Cada caso deve ser analisado, e há determinadas situações em que, ao pagar a vista, você poderá sair no prejuízo.

Para a ocorrência dessas situações, é necessário que:

1. Você tenha uma poupança, de no mínimo o valor do bem que deseja comprar;

2. Que o valor do bem não seja muito menor que sua poupança;

3. Que o rendimento mensal de sua poupança seja igual ou maior do que a parcela que você pagaria caso divida o bem.

Por exemplo, você tem 30 mil reais guardados em um bom fundo de renda fixa, rendendo 1% a.m. Deseja comprar um carro, que está custando 30 mil reais. Pode comprá-lo a vista, ou pagar altos juros de 3% a.m., durante longos anos, em parcelas iguais de 300 reais.

Se você pagar a vista, evitará de pagar os altíssimos juros do exemplo. Terá o bem, mas perderá sua poupança.

No entanto, se você simplesmente ignorar que as taxas de juros são altas, e perceber que, a cada mês, sua poupança renderá 300 reais, justamente o suficiente para cobrir a parcela. Basta, então, programar um resgate automático mensal do seu fundo no valor de 300 reais, para pagamento da parcela. Ou seja, no final do mês seguinte da compra parcelada, por exemplo, sua poupança será 30.300 – 300 da parcela = 30.000. Ou seja, ao final dos longos anos, você terá o bem e sua poupança inteira, ao contrário do que se tivesse pagado a vista.

A situação é ainda mais clara se o rendimento mensal de sua poupança for maior do que o valor da parcela. Nesse caso, sua poupança continuará a aumentar mesmo subtraindo todo mês o valor relativo da parcela.

Quanto mais alto o valor de sua poupança, mais atrativa fica a operação. Por exemplo, se você tiver 1 milhão guardados e comprar um apartamento de 1 milhão a vista, não terá ganho efetivo algum. Entretanto, se você conseguir parcelá-lo de forma que as parcelas sejam iguais ou inferiores a 10 mil reais, você terá praticamente dobrado seu patrimônio. Terá adquirido o apartamento sem desembolsar dinheiro.

Agora é “só” conseguir juntar a poupança inicial....

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ExpoMoney Belo Horizonte: hoje e amanhã

Evento super interessante e gratuito, sobre finanças pessoais e investimentos, que acontece uma vez por ano, no Minas Centro.

Diversos stands e palestras.

Quem puder dar uma conferida, vale a pena!

http://www.expomoney.com.br/09/default.asp?evt=bhz

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

10 vezes sem juros?

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A princípio, é certo que pagar a vista é bem melhor do que pagar parcelado. Isto porque pagando a vista, evita-se de pagar os juros, além da possibilidade de obter descontos. No entanto, diversas ponderações são necessárias para ver se realmente vale pena, podendo chegar a casos extremos, como o que eu chamo de “prejuízo a vista”. Nessa situação de casos particulares, mesmo o parcelamento com juros torna-se mais vantajoso do que pagar a vista, conforme explicarei nos posts seguintes.

Antes de tudo, é importante lembrar que, pagar de “10 vezes sem juros” é, na maioria das vezes, uma mentira. Os juros já estão embutidos. Como é possível perceber isso? Basta fazer uma breve pesquisa de preços, e com certeza se achará a mesma mercadoria por um preço menor, para pagamento à vista. Sites de comparação de preços na internet são uma maneira fácil de se perceber isso. (Nota importante: por questões de segurança, só compre a vista na internet de sites extremamente conhecidos, e evite pagar por boleto bancário a todo custo, ok, Schmitt??? Vou escrever um artigo sobre isso futuramente. Se esquecer, me cobrem!)

Segue um exemplo real: Procurei no Buscapé a calculadora financeira HP 12C Gold. Achei, dentre outras ofertas:

R$ 219,00, de 12 x “sem acréscimo”, em uma loja.

R$ 189,00, de 9x “sem acréscimo”, em outra loja.

R$ 165,00, de 6x “sem acréscimo”, em uma terceira loja.

Percebem os juros embutidos? Embora sejam todas “sem acréscimo”, ao diminuir-se o número de parcelas diminui-se também o preço.

Por fim, encontrei a oferta mais barata de todas, imbatível:
R$ 144,99, a vista.

Conclusão: Se partirmos do pressuposto que o valor da calculadora a vista é R$ 144,99, e que podemos pagá-la de 12x totalizando R$ 219,00, a taxa de juros cobrada será nada menos do que 3,5% a.m. No caso do pagamento em 9x, a taxa é de 2,99% a.m. Por fim, se optarmos por pagar em 6x, a taxa fica em 2,18% a.m.

Inclusive, estou utilizando esta calculadora para fazer esses cálculos, mas a minha custou R$ 0,00 sem juros, pois foi gentilmente (e temporariamente) cedida pela Tetê, a Sogra Nota 10, até que eu me decida onde, por quanto e de quantas vezes comprar.

Retomando, será apenas coincidência que ao diminuirmos as parcelas as taxas de juros caírem? E vai um alerta importante: as taxas de juros ocultas, como as acima, são bem maiores do que as explícitas de mercado, que normalmente chegam a 1,99%.

A conclusão é: se algo estiver anunciado como dividido sem juros, chore um desconto para pagamento a vista, ou então procure outro estabelecimento que lhe venderá por um preço menor a vista.

No entanto, se o preço ofertado para pagamento em parcelas sem juros for realmente igual ou mais barato do que o restante das ofertas do mercado, você está frente a um parcelamento sem juros de verdade.

Nesse caso, vale a pena dividir de quantas vezes for possível, pois como o Zé afirmou, você fica com mais dinheiro “na carteira” para, por exemplo, pagar outras mercadorias a vista mais baratas e economizar. Ou então, para fazer uma aplicação do valor integral do bem (na poupança, por exemplo) e ir sacando as parcelas a cada mês, à medida que vencerem. No final dos pagamentos, você terá de sobra um dinheirinho, que, ainda que pouco, é dinheiro, e que não estaria lá se você tivesse pagado tudo a vista!

sábado, 25 de setembro de 2010

Ausência de posts e pergunta para refletir

Quase 1 mês sem post nenhum, que vergonha...

Sé é que serve de justificativa, o tempo foi realmente bastante apertado nesse último mês.

De qualquer forma, continua apertado, e venho aqui apenas lançar a seguinte pergunta que embasará o próximo post:

"Pagar a vista é melhor do que pagar parcelado?"

E aí, o que acham?

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Tesouro Direto com facilidade

Sabemos que grande parte dos investimentos deve ser baseado em renda fixa, pois não devemos nos expor completamente às variações da renda variável. No entanto, os fundos oferecidos pelos bancos acabam nos desanimando, seja pela baixa rentabilidade seja pelo elevado valor das taxas de administração. Conforme mencionado em artigo anterior, o investimento em títulos do tesouro direto pode ser uma excelente saída.


Para investir em títulos, é necessário o uso de uma corretora de valores, as mesmas utilizadas para comprar e vender ações. Se o investidor não investe na Bolsa, e não é cliente de uma corretora, pode ficar desmotivado de comprar títulos, pois terá o trabalho de abrir uma conta, além de pagar DOC a cada transferência da sua conta corrente para sua conta na corretora.

Ocorre que todos os grandes bancos oferecem o serviço de corretora de valores, o que facilita imensamente a compra de títulos e evita os incômodos mencionados. Para investir no Tesouro Direto basta ir a sua agência, solicitar o “Código de Investidor” e assinar alguns papéis. Depois disso, é só acessar o home banking, sessão investimentos, escolher Tesouro Direto e fazer uma rápida adesão.

Por fim, interessante mencionar que o código de investidor serve também para comprar e vender ações na Bolsa, através de seu banco. No entanto, para esta operação, sugiro utilizar uma corretora especializada, por possuir ferramentas mais apropriadas, além de suporte didático/educativo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Qual a melhor hora de comprar a casa própria?

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Em comentário ao artigo "Para onde vai o preço dos imóveis?", publicado em abril neste blog, surgiu a discussão se comprar um imóvel seria realmente válido financeiramente falando. A resposta já foi antecipada: cada caso deve ser estudado, mas na maioria das vezes, não.

Em newsletter da Expomoney, li um artigo excelente e curto sobre o tema, escrito por Rogério Olegário. O artigo conta inclusive com um exemplo prático e numérico, e pode ser de grande valia para os leitores.

Segue o link, que vale os 5 minutos necessários para a leitura:

http://www.expomoney.com.br/newsnova/materia.asp?rregn=368&orig=eml

sábado, 10 de julho de 2010

E viva a Copa 2!

Mediante colocação de meu grande irmão José Roberto, segue uma possível ilustração para o post anterior.

Pesquisei na internet e localizei os gráficos do DAX (Alemanha) e do FSE/JSE Top 40IX (África do Sul), nos anos anteriores à cada copa. Esses gráficos representam índices das bolsas dos países, e seriam, a grosso modo, comparáveis ao Ibovespa, no caso da Alemanha, e ao IBRX-50, no caso da África do Sul.

Inicialmente, muito importante lembrar que existem inúmeros outros fatores que influenciam MUITO mais as bolsas de valores do que a Copa do Mundo, mas de qualquer forma, serve para ilustração e especulações.

No caso da Alemanha, a evolução foi espantosa: aumento de aproximadamente 120% no DAX, média de 30% a.a. nos 4 anos anteriores. Já na África do Sul, a escalada foi menor, mas também bastante atrativa: 56,25%, cerca de 14% a.a.

Não é certo afirmar que certamente a Bovespa terá desempenho similar, mas é completamente verossímel imaginar disparadas parecidas ou até mesmo bem maiores, tendo em vista a condição especial em que se encontra o Brasil: tem enorme espaço para progresso e desenvolvimento, ao passo que já tem uma considerável visibilidade global.



terça-feira, 6 de julho de 2010

E viva a Copa!

Menos de uma semana após a intragável eliminação da Seleção da Copa do Mundo, e a poucos dias do final do campeonato que move paixões, por que exaltar a Copa? Na verdade, assim como no mercado de ações, quando todos estão desanimados e “entrando vendido” na Copa, é uma boa hora de se animar e “entrar comprado”. Mas não se assuste, pois me refiro a um investimento de longo prazo: a Copa de 2014.


É inegável que o país passará por inúmeras transformações até o ano de 2014, com o objetivo de sediar um evento de tamanha magnitude. Torna-se evidente que a economia ficará consideravelmente aquecida até lá, ao mesmo tempo como causa e conseqüência do acelerado e repentino progresso forçado. Na mesma linha, vale imaginar o ano da Copa em si, assim como o ano imediatamente anterior, e quais serão os setores que mais se beneficiarão com a realização do evento. Esse trabalho mental pode render ótimas oportunidades de investimento, sendo a mais simples e a que demanda menor capital inicial a bolsa de valores.

Nesse sentido, seria interessante desde agora começar a construir uma carteira de ações de empresas que ganharão destaque com a Copa do Mundo, leia-se: turismo e consumo. Vale imaginar qual será a valorização em 4 anos de ações de empresas de companhias aéreas, redes hoteleiras e grandes empreiteiras, por exemplo. É muito importante, neste tocante, construir a carteira progressivamente e regularmente ao longo desses 4 anos, e não comprar tudo de uma vez só. Isso certamente evitará grandes abalos na carteira, causados por desvalorizações em crises repentinas. Contribuirá, dessa forma, para a formação do preço médio, isto é, o valor das transações é diluído ao longo do tempo, construindo uma média de valor as ações da carteira mais constante e menos volátil que o próprio valor das ações. Uma boa dica é aproveitar o momento de baixa do Ibovespa para começar as compras regulares. O período das eleições também pode ser atrativo, tendo em vista que a volatilidade geralmente aumenta, e quedas maiores acontecem, configurando bons momentos de compra.

Portanto, comprar mensalmente pequenas quantias de ações de variadas empresas que estarão em destaque na Copa de 2014 pode levar a uma carteira com valorização sobrenatural no horizonte proposto. Aliás, será que não existem ações da CBF? Seria realmente excelente comprá-las agora, por preço de banana, e vendê-las na Copa de 2014, preferencialmente logo na primeira fase, para não correr o risco de vê-las virando pó... Vejam: não é pessimismo, mas apenas cautela de investidor.

Por fim, vale lembrar ainda que, dois anos após a Copa, vêm as Olimpíadas, aquecendo (ou mantendo aquecidos) os mesmos setores, embora com menor intensidade. Esse fato também reforça os motivos que sugerem a provável ótima valorização da carteira em questão.

domingo, 13 de junho de 2010

Corretor de imóveis: despesa?

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Conversando esses dias com um grande amigo meu, que pretende vender um apartamento, lembrei-me de uma das principais lições que se pode aprender com a leitura do clássico “Pai Rico Pai Pobre”: não se deve tentar economizar dinheiro dispensando o corretor de imóveis.

Há um ano e pouco, meu amigo comprou um apartamento na planta, em uma ótima localidade, e tal investimento vem se valorizando bastante. Pela ótima oportunidade de realização do lucro e também por outros motivos, ele me contou que estava pensando em vendê-lo. A primeira pergunta que lhe fiz foi: “Você já arranjou um bom corretor para cuidar da venda?” A resposta: “Não, de jeito nenhum, esses corretores ‘metem a faca’ no seu negócio.”

De fato os corretores cobram sim uma porcentagem sobre as negociações, que a princípio parecem ser um valor muito alto. No entanto, devolvi as seguintes perguntas a meu amigo: “Você trabalha com mercado imobiliário? Você entende a fundo tal mercado? Você tem tempo suficiente para investir no negócio, procurando compradores, cogitando valor de mercado, etc?”

As chances de um bom corretor de imóveis conseguir fazer um melhor negócio com seu apartamento é muito maior do que você tentar fazê-lo sozinho, pela simples razão de ser essa a profissão dele. Nesse sentido, o corretor conhece a fundo o mercado, sabe do valor de mercado do seu imóvel, já conhece compradores que estão dispostos a pagar um valor mais atrativo que o mercado, estabelece alguns parâmetros básicos contratuais e legais que lhe conferem maior garantia de recebimento, além de inúmeros outros fatores positivos. Além disso, muitas vezes a diferença entre o valor da venda intermediada pelo corretor e a venda feita por você será inclusive maior do que a corretagem cobrada. Isto é, você pagará a corretagem e ainda terá um lucro maior do que vendendo o imóvel sozinho. Vale, ainda, considerar o tempo, o empenho e as dores de cabeça que serão economizadas tentado vender o imóvel.

Acredito que por essas e inúmeras outras razões “Pai Rico Pai Pobre”, com o perdão da Contabilidade, nos sugere classificar os gastos com corretagem imobiliária como um investimento, isto é, como um ativo, e não como uma despesa. Isso porque um bom corretor de imóveis terá a capacidade de aumentar o seu patrimônio, e por isso não deve ser considerado como um gasto. No mesmo sentido, economizar com a corretagem pode levar a um mau negócio, e configurar a famosa “economia porca”, no vocabulário chulo. A sugestão, inclusive, é em sentido contrário: cativar o corretor de imóveis, torná-lo seu amigo, seu fã. Reconhecer seu trabalho e ganhar sua estima, mandando-lhe, por exemplo, uma vinho de lembrança no Natal.

domingo, 30 de maio de 2010

Investir ou apostar?

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É comum ouvirmos a expressão “Fulano está apostando na Bolsa”, e, normalmente, corrigimos imediatamente: “Apostando não, investindo”. Mas será que, algumas vezes, não deixamos de investir, e passamos a apostar?

A bolsa de valores abre pleno espaço para os investidores e para os apostadores (em alguns contextos chamados especuladores). Primeiramente, importante registrar que os especuladores não são vilões, sendo inclusive responsáveis pela liquidez da bolsa. Resumindo, se não existissem os especuladores, não seria possível vender e comprar ações a todo instante, e a vida dos investidores ficaria mais complicada e arriscada.

Os especuladores extremos desejam ganhar o máximo de dinheiro possível, no menor período de tempo. Possuem metas ousadíssimas, e, normalmente, operam alavancados (utilizam mais dinheiro do que possuem – uma espécie de empréstimo de praxe feito pelas corretoras). Sendo assim, fazem operações constantemente, inclusive diárias (intra-day). Isto é, frequentemente compram e vendem várias vezes ao dia.

Por sua vez, os investidores visam o longo prazo. Estão sempre fazendo aplicações constantes na Bolsa, todo mês, por exemplo. Podem até visar rendimentos ousados, mas o fazem pensando num horizonte de no mínimo 3 a 5 anos. Escolhem empresas sólidas, apelidadas blue chips. Por terem uma estratégia de longo prazo (que pode ser baseada inclusive em análise gráfica), não se preocupam tanto com tendências de baixa ou de alta e operam pouco. Vale dizer, mexem pouco na carteira.

A grande questão é que a maioria entra na Bolsa com a intenção de investir, mas basta vir a primeira baixa, ou assistir a uma ação “vizinha” disparar em alta, para operar e mudar a carteira. Se a operação não deu certo, ocorre nova mudança de carteira. Se deu certo, também se opera, para assegurar o lucro (realizar).

Nesse ponto se inicia a migração para a especulação, que, diga-se de passagem, é um caminho tão tentador quanto arriscado. Dependendo da intensidade, essas operações podem realmente se aproximar das tradicionais mesas de poker e dos cassinos de Vegas.

Publicação: http://www.uai.com.br/htmls/app/noticia173/2010/03/11/noticia_nareal,i=151129/COMO+VOCE+SABE+SE+ESTA+INVESTINDO+OU+APOSTANDO+NA+MERCADO+DE+ACOES.shtml

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Seguro de cartões de crédito: direito do consumidor e planejamento financeiro.

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É extremamente comum as operadoras de cartão de crédito quererem nos vender seguros contra furto, roubo ou extravio do cartão. Ao fazerem isso, nos passam a idéia de que, sem o seguro, estaríamos desprotegidos e teríamos que arcar com todos os prejuízos advindos do mal-uso do cartão. No entanto, isso não é verdade, e não passa de extorsão de dinheiro.

O seguro não é de forma alguma requisito para a eliminação do crédito indevido, tendo em vista que a responsabilidade, na grande maioria das vezes, será da operadora e (ou) do estabelecimento em que se deram as compras. É incrivelmente absurdo vender a tese de que o consumidor terá que arcar com gastos que não efetuou. Quem deve fazer esse seguro são as operadoras e os lojistas, e não o consumidor.

Certa vez, solicitei um cartão que nunca chegou na minha casa. Mas a fatura chegou, repleta de compras que não fiz, pois sequer o havia recebido ou desbloqueado. Meu cartão foi extraviado no caminho entre a operadora e a minha casa, e o estelioportador (acabei de inventar o termo) ligou, desbloqueou meu cartão e efetuou diversas compras, assinando sei lá o que.

Primeiro: responsabilidade gritante da operadora, que não conferiu os dados pessoais quando do desbloqueio por telefone, ou conferiu de maneira cristalinamente superficial. Segundo: responsabilidade clara dos estabelecimentos que aceitaram as compras com o cartão, sem pedir documentos e conferir a assinatura. Eu não tinha seguro, logicamente. Liguei para a operadora, que cancelou todos os créditos indevidos em 2 ou 3 dias úteis. Se não cancelasse, entraria com uma célere e gratuita ação no Juizado Especial contra a operadora e contra os estabelecimentos, com ganho de causa garantido e grande possibilidade de indenização por dados morais.

A cobertura dos seguros é englobada pela cobertura legal, razão pela qual considero esse seguro inclusive ilegal. Um interessante detalhe é a cara-de-pau, pois colocam limite para a cobertura, sendo que não há limite legal para esses casos. Serão cobertas despesas com furto, roubo, extravio, etc até o limite de 10 mil reais. Ora, se o estelionatário gastou 1 milhão no seu cartão (Cartão Diamante Eike), esse 1 milhão será arcado pelos responsáveis legais, e não por você.

Assim sendo, uma boa idéia seria cancelar todos os inúteis e ilegais seguros de cartão de crédito, e programar uma transferência automática dos valores que eram pagos para uma poupança. Dessa forma, o dinheiro que antes era jogado pelo ralo poderá virar um pequeno montante no futuro.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Negócios de sucesso: A história da Farm

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Poucos dias atrás, tomando um chopp bem gelado, a Sara me contou que havia assistido ao programa Mundo S/A da GloboNews, sobre a Farm. A trajetória da marca me impressionou, pois imaginava seu berço na elite da moda. No entanto, a história representa uma grande determinação de seus criadores, e revela um curioso acaso bastante responsável pelo estrondoso sucesso da grife.

Kátia, auditora, e Marcelo, engenheiro, largaram seus empregos para investirem no próprio negócio. Abriram no Rio uma franquia de uma loja de roupas de São Paulo, que não deu certo. Foram focados e corajosos o suficiente para venderem dois carros e um apartamento na tentativa de manter o negócio. Ao mesmo tempo, Kátia – sem conhecimento algum de moda ou design – começou a elaborar algumas peças de roupa na tentativa de diminuir um pouco os prejuízos, pois a margem de lucro seria maior nas peças caseiras do que nas peças franqueadas.

A surpresa veio exatamente com o fato de as peças elaboradas por Kátia venderem rapidamente, ao passo que as da franquia continuavam “encalhadas”. Os criadores, então, se capacitaram na área, através de cursos e eventos. Pouco tempo depois, fecharam a estrutura da loja e passaram a atuar em uma feira alternativa de roupas e moda no Rio, através de um stand, o que representou uma receita considerável de vendas e a consolidação da marca.

Atualmente, a Farm conta com 24 lojas em diversos pontos do Brasil e 750 funcionários. Kátia e Marcelo lançaram uma nova marca, infantil, que já conta com 3 lojas. Anunciaram, também, a fusão com a Animale, grife de peso no mundo da moda.

Quem quiser conferir a história, segue o link da reportagem do Mundo S/A, com duração total de 10 minutos:
http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1463106-17665-315,00.html

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Para onde vai o preço dos imóveis?

Poucos dias atrás, recebi um folder de um apartamento fantástico, localizado no Vale dos Cristais: 600 m2, 4 quartos com suíte e closet, espaço relax (varanda com ofurô), mezanino na sala de estar, sala de TV, 4 ou 5 vagas na garagem, área de lazer com tudo que você pensar e mais um pouco, enfim, algo surreal. Liguei para saber o valor, e faço o alerta: é muito caro, mas MUITO CARO mesmo. Agora tente imaginar o valor.

Nada menos do que 3,5 milhões.
E a cobertura do mesmo prédio, 7 milhões e 120 mil reais!

Bem, sabe-se que o mercado imobiliário de Belo Horizonte sempre foi defasado em relação às grandes capitais brasileiras. Isto é, o valor de um imóvel no Rio, São Paulo ou Florianópólis é maior do que o valor de um imóvel equivalente na capital mineira. No entanto, o mercado local parece estar procedendo à uma equiparação de preços, em um ritmo consideravelmente acelerado.

Tal fato pode ser notado através de uma breve pesquisa de preços de imóveis de luxo, que estão sendo construídos ou recém-acabados na zona centro-sul, por exemplo. Qualquer imóvel dessa categoria, com 3 ou 4 quartos, com uma boa metragem, de um de uma construtora renomada, com uma área de lazer interessante, gira em torno de 1 milhão de reais. Há 2 ou 3 anos atrás era realmente difícil achar um imóvel nesse valor, ainda que de luxo, localizado na mesma região e com as mesmas características. No entanto, atualmente é difícil achar um imóvel dessa categoria que não seja esse valor.

O que fica claro é que o preço dos imóveis, não só os de luxo, aumentaram espantosamente nos últimos anos. Na mesma linha, a valorização dos imóveis também foi igualmente espantosa. Basta comparar o valor pago em um imóvel há alguns anos e o valor de mercado do mesmo imóvel hoje. É de assustar...

Voltando ao apartamento mencionado na introdução, é claro que se trata de um apartamento fenomenal, de primeiríssima linha, com qualidade e conforto inimagináveis, mas ele vale 3,5 milhões? Sua cobertura realmente vale 7 milhões?

O que defendo é que os valores dos imóveis estão muito inflacionados. Definitivamente inflacionarão ainda mais, ou seja, ainda há pleno espaço para valorização imobiliária. É provável que apartamentos equivalentes aos de 3 milhões hoje custem 4 milhões daqui a dois anos. Daqui a poucos anos, possivelmente teremos coberturas de 10 milhões. Entretanto, é cristalino que os preços estão bem altos, sustentados por aspectos principalmente especulativos.

Nesse sentido, vale perguntar quantas pessoas em Belo Horizonte podem (e querem) pagar 4, 7 ou 10 milhões em um apartamento. Por enquanto há compradores, mas quando não houver mais, o preço desses imóveis vai ter que abaixar. E quando isso acontecer, certamente arrastará para baixo o valor dos imóveis de todas as outras categorias, como uma reação em cadeia. Neste momento ocorrerá a correção dos valores no mercado imobiliário, ou em outras palavras, a explosão da bolha.

Não é possível estimar quanto tempo demorará para acontecer, mas acredito que não menos que 10 anos e nem mais de 15. Ainda há tempo e mercado para investimentos em imóveis, que certamente se valorizarão ainda mais, mas é preciso estar atento para a formação desta bolha e liquidar os investimentos antes do estouro. Nessa época, quem estiver morando de aluguél e pensando em adquirir a casa própria, pode e deve esperar mais um poquinho. Afinal, no meio da futura crise será um ótimo momento para comprar...

terça-feira, 30 de março de 2010

Quando atingir 1 milhão?

O primeiro milhão é normalmente visto como o mais famoso marco de riqueza. Por isso, não raro se torna o principal dos grandes objetivos de quem poupa. Por outro lado, costuma ser visto como um sonho de difícil realização e, se faltar disciplina e regularidade, de fato continuará sendo apenas uma fantasia.

A busca do milhão deve ser sempre marcada por características essencicais: é um investimento de longo prazo, regular, constante e requer paciência e tranquilidade. Por exemplo, é necessário ter em mente que os 300 reais que são guardados todo mês irão virar o seu 1 milhão. Ou seja, os 300 reais não devem ser “menosprezados”, e eventualmente direcionados a outros gastos, pois eles são na realidade o seu 1 milhão bebê. Se não forem poupados sistematicamente todo mês, o seu 1 milhão nunca chegará a andar.

A primeira pergunta a se fazer é quando se quer atingir a quantia de 1 milhão. A partir disso, é possível planejar a quantia a ser poupada por mês e o tipo de investimento que será feito. Na tabela disponível para download, temos 9 casos combinados em três rentabilidades mensais diferentes: renda fixa, investimentos variados e investimentos arrojados. A terceira possibilidade é um tipo de investimento agressivo, baseado majoritariamente em renda variável (bolsa de valores, câmbio, commodities, etc). Algumas conclusões são:

Poupando R$ 700,00 por mês, aplicados exclusivamente em renda fixa (ou seja, sem risco algum) em pouco menos de 30 anos você terá atingido a marca de 1 milhão de reais. A mesma quantia aplicada em investimentos variados reduz o prazo para 19 anos. Já no investimento agressivo, o primeiro milhão pode chegar com menos de 15 anos.

Guardando R$ 300,00 por mês, a renda fixa só lhe dará 1 milhão com quase 40 anos de investimento. Neste mesmo período, em investimentos agressivos, o montante já poderia ter atingido quase 200 milhões de reais. Isto porque, com apenas 18 anos, os R$ 300,00 já teriam virado 1 milhão nesta modalidade de investimento.

É muito importante notar que a rentabilidade é muito mais importante do que a quantia guardada mensalmente. Basta comparar, por exemplo: R$ 1500,00 poupados mensalmente em renda fixa levam 21 anos para acumular um milhão, ao passo que R$ 300,00 (1/5 do sacrifício) levam 3 anos a menos para atingir o mesmo 1 milhão, se aplicados em uma rentabilidade média 3 vezes maior.

No entanto, é extremamente desaconselhável a construção de uma poupança baseada exclusivamente em renda variável. A proporção investida em renda variável deve ser maior nos primeiros anos dos investimentos e menor da metade em diante dos anos. De toda forma, os valores mais importantes continuam sendo disciplina e regularidade nos investimentos.

Aproveite para analisar a planilha de Simulações de Investimento, disponível para download, e compare os 9 planejamentos diferentes para se atingir 1 milhão.

A estrutura da planilha foi elaborada pelo grande amigo engenheiro de produção César Schmitt, também referido simplesmente como Smith.

domingo, 21 de março de 2010

O que aprender com Eike Batista?

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Nos últimos dias, um nome em específico tem aparecido muito na mída: Eike Batista. O principal motivo foi sua figuração como o oitavo homem mais rico do mundo, segundo a revsita Forbes - responsável por formular a mais renomada lista do tema. O mineiro, de Governador Valadares, atingiu tal feito com a fortuna de nada menos que 27 bilhões de dólares. Antes de ler uma reportagem, me peguei imaginando se Eike não seria um filhinho de papai, que nasceu em berço-de-ouro e simplesmente conseguiu administrar bem sua posição já privilegiada. A conclusão a que cheguei foi: apesar de polêmicas e opiniões adversas, não há como negar o incrível mérito de Eike, e muito menos o seu anormal tino e empenho com o mundo dos negócios, que transformou fantasticamente qualquer conceito de multiplicação de patrimônio.


Eike é filho de um ex-ministro de Minas e Energia, do João Goulart, que também dirigiu a Vale por muitos anos, quando a empresa ainda era estatal. Deste fato fica claro que Eike já nasceu como integrante da alta sociedade, e que desde sempre possuía uma condição ecônomia extremamente confortável. Poderia se contentar com um excelente emprego, obtido através de indicações paternas, ou valer-se de influências para simplesmente integrar o empresariado brasileiro e ficar muito rico. No entanto, parece sequer ter considerado essa possibilidade, e fez, sim, uso de sua posição social e das influências do pai para buscar algo mais ousado: o posto de um dos homens mais ricos do mundo.

Quando morava na Alemanha e cursava engenharia, Eike vendia apólices de seguro para obter renda própria. Não que ele precisasse, pois o motivo da mudança para lá foi o processo de internacionalização dos negócios da Vale, comandada por seu pai. Vale lembrar que ele ainda está vivo, e integra hoje o conselho da principal empresa de Eike, a EBX. Ao retornar para o Brasil, recorreu a financiamentos e investiu na busca de ouro na Amazônia,associando-se a garimpeiros. Reinvestiu os lucros que obteve, e foi adquirindo minas na região, até fazer um grande negócio com uma mineradora internacional. Tornou-se o maior acionista da empresa candadense, renomeou-a para TVX e iniciou sua jornada rumo a uma fortuna difícil de calcular.

No campo de planejamento financeiro pessoal, há muito o que aprender com Eike. E certamente não é a batizar o nome de nossas empresas com X no final, como ele fez com a EBX, MMX, OGX, LLX e outras. Tirando a sorte, que não aprendida, o que vale observar é a determinação, foco, ousadia e, principalmente, a inquietação, no sentido de não-acomodação. É importante termos metas e objetivos traçados, nos planejarmos e lutarmos para atingí-los. Não falo aqui de se tornar o homem mais rico do mundo, como Eike afirma que o será daqui a 3 anos, nem de construir uma fortuna, mas sim de realizar sonhos.

sábado, 13 de março de 2010

Garantindo um terreno com eucaliptos

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Quem tem um terreno, tem preocupações. Principalmente de invasão. No Direito, temos o instituto do usucapião. Em linhas grosseiras, em um dos casos mais agressivos, vale dizer que: se você tem um imóvel localizado na área urbana e algúem que não tem outra propriedade e se apossar dele, ou de parte dele, por 5 anos seguidos sem sua oposição, terá adquirido direito à sua propriedade ou da parte que se apossou. Em 15 anos, independerá de o invasor ter ou não outra propriedade ou de ser o imóvel rural ou urbano.


Muito importante: essa posse tem que ser sem qualquer oposição do proprietário. Não é necessário oposição formal. Ou seja, se você visita constantemente o terreno, percebe a invasão e simplesmente conversa com os invasores manifestando sua discordância, fica desconfigurado o usucapião. Entretanto, o aconselhável é que se tire fotos, notifique através de cartório, leve testemunhas, enfim, produza todas as provas no sentido de comprovar sua discordância.

Para evitar esse tipo de dor de cabeça, a primeira medida normalmente tomada é o cercamento do lote. No entanto, quem já orçou este tipo de serviço sabe que não fica barato. Principalmente ser for para construir um muro. E vale lembrar, muro ou cerca podem ser ineficientes se realmente quiserem invadir.

Uma opção diferente é plantar eucaliptos no seu terreno. Os eucaliptos devem ser plantados ao longo de todo o terreno, mas principalmente nas linhas divisórias do terreno. Dois ou três anos depois, os eucaliptos delimitarão claramente as divisórias de seu terreno, e mais: comprovarão inequivocamente que você tem exercido a posse sobre a sua propriedade, afastando qualquer possibilidade de usucapião.

Além disso, 4 ou 5 anos depois, quando todos os pés estiverem razoavelmente grandes, uma possível invasão fica extremamente dificultada, pois seria necessário antes cortar uma grande quantidade de eucaliptos, para depois cosntruir, etc. Certamente o invasor preferirá outro terreno, que seja só cortar o mato.

Há ainda o detalhe final: quando você for vender seu terreno, ou construir nele, poderá vender o corte das árvores para empresas especializadas. Vale lembrar que o plantio de eucaliptos é um tipo de investimento extremamente rentável e atrativo. No entanto, claro que não se fará uma fortuna, pois a quantidade não permitirá.

Eu fiz o que sugiro acima, e esses dias fui visitar o terreno. Tinha mais de um ano que não ia lá, e fiquei extremamente feliz e satisfeito ao ver o tamanho dos pés. É gratificante, tendo em vista que eu mesmo comprei as mudas e ajudei a plantar. Veja o dia do plantio:



Menos de 6 meses depois:



Pouco mais de 1 ano:



Por fim, com 2 anos:






quinta-feira, 4 de março de 2010

Erros na Bolsa

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Esses dias recebi o newsletter da Expomoney, e nele um artigo bem interessante do economista Leandro Martins, intitulado Fuja dos erros ao investir. O artigo cita os 10 erros mais clássicos e comuns dos neo-investidores. Embora sejam conhecidos de todos (inclusive, a maioria dos cursos de “como investir na Bolsa” os citam), os erros não recebem a devida atenção até sejam cometidos na prática.

Como recentemente tive uma experiência nada boa na Bolsa, me identifiquei com alguns dos erros, e outros não. Pretendo comentar aqui sobre alguns desses erros. Os trechos em itálico são retirados diretamente do artigo do autor.

1. pressa nas operações – muitos investidores aplicam todo o capital em ações e acabam pagando o pedágio do aprendizado, com as perdas iniciais. Existem simuladores que proporcionam experiência ao investidor sem tais perdas iniciais. Em seguida é recomendável um aumento gradual da exposição em ações;

Com razão o autor. No entanto, acho que o pedágio inicial é necessário para a construção de um investidor sólido. Além disso, os simuladores são ótimas ferramentas, mas é preciso ter uma disciplina enorme. Experimente simular investimentos com 1 milhão e tentar acompanhar durante 1 mês. Por outro lado, pegue R$ 100,00, invista e verá a diferença.

3. excesso de otimismo – considera que, com toda a certeza, a operação será lucrativa;

Essa caiu como uma luva para mim! Não sei se todos iriam pensar assim...

5. sem metodologia – mudanças constantes na forma de operar e dos indicadores utilizados. O investidor não define um set up;

Perfeito. Basta um indicador ou uma estratégia falhar por algumas vezes seguidas, que trocamos. O mesmo com papéis. Estou defendendo que a mudança constante de ações ou estratégias atrapalha o rendimento a longo prazo, além de levar à especulação.

7. viés de confirmação – com acesso a muitas informações, o investidor tende apenas reconhecer as informações que estariam de acordo com seu entendimento. Por exemplo, em posse de ação em forte tendência de baixa, e que apresente a ele alto prejuízos. Ao verificar as notícias de tal empresa, ele pode acessar dez notícias ruins, mas ao ler apenas uma relativamente boa, irá vibrar de alegria e acreditar que a empresa irá recuperar-se e que sua análise anterior foi excelente.

É verdade... Quando estamos envolvidos em uma operação, a capacidade de discernimento fica prejudicada, e realmente tendemos a interpretar as informações de acordo com nossa conveniência.

8. compra na alta – atraído pela euforia do mercado a compra é efetuada, quando a análise gráfica poderia alertar que a ação já estaria para entrar em momento de reversão.
9. vende na baixa – apenas após consecutivas quedas, e contagiado pelo pânico, a venda com grande prejuízo é realizada. Justamente momento de uma reversão para uma alta, já que nesse momento acabaram os vendedores.

Essas duas, por mais óbvias que pareçam, não concordo. Há uma máxima que diz: uma ação nunca está tão alta que não possa subir mais, e nunca está tão baixa que não possa cair mais. Por isso, mesmo fazendo uso da análise gráfica, é extremamente dificil saber se a ação que está alta começará a cair. Mais importante ainda é a situação na queda: imagine que não se venda a ação, pois representaria um grande prejuízo. Em seguida, a ação cai ainda mais, despenca. O prejuízo pode ser ainda maior, e inviabilizar a continuidade dos investimentos (sem eufemismos, quebrar o investidor).

Por fim, cometer esses erros é péssimo, mas não tem preço no sentido do aprendizado. O que acho realmente válido é limitar o preço que se está disposto a pagar, até que alguns desses erros sejam ultrapassados e até que o investidor amadureça.

Vale dizer: entre com um capital baixo, não alavanque, não tenha metas absurdas e não fique operando toda hora.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Primeiros passos no controle financeiro

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Antes de se pensar em planejamento financeiro, é essencial conhecer e passar pelo controle financeiro. Não se planeja nada sem antes saber quanto se tem. Nesse sentido, primeiro é necessário saber quanto se ganha, quanto se gasta e com que se gasta, para depois traçar as estratégias e planos para atingir os objetivos.

O controle financeiro pode ser feito anualmente, semestralmente, trimestralmente, mensalmente, etc. Para começar, indico um controle diário com referência mensal, que funciona anotando a cada dia o quanto se tem para gastar até o final do mês.

Antes de tudo, é crucial saber o quanto se tem para gastar no mês. Para tanto, basta pegar um pedaço de papel e guardar na carteira ou na bolsa, ou utilizar uma agenda, para anotar diarimente os seguintes itens:

1. Quanto tenho de dinheiro na minha carteira?

2. Quanto tenho na minha conta corrente do banco X?

3. Quanto tenho na minha conta corrente do banco Y?

4. Quanto tenho de dinheiro guardado em casa (gaveta, envelope, etc)?

5. Qual o valor da minha fatura de cartão de crédito até agora? (SUBTRAIR)

6. Tem algum cheque emitido para este mês que ainda não foi depositado? (SUBTRAIR)

Quanto ao item 5, em breve escreverei algo sobre ele, mas por hora basta lembrar que os gastos com cartao de crédito são gastos deste mês, e não do mês em que pagamos a fatura. Por isso, devemos subtrair as despesas com cartão no controle do mês atual.

O resultado da soma dos itens 1 a 6 é o tanto de dinheiro que podemos efetivamente gastar até o dia 31. Esse valor não deve ser ultrapassado, pois isto significa que estamos usando o orçamento do mês que vem neste mês. Em outras palavras, fazendo dívidas.

O primeiro passo é conseguir fechar todo mês no azul, isto é, no dia 31 ter pelo menos um pouquinho de dinheiro.

O próximo passo, também de extrema importância, é saber com o que se tem gastado. Pode ser um pouco chato no início, mas é fundamental que todos os dias se anote em uma planilha tudo que se gastou, ainda que de baixo valor. Essa planilha deve ser divida em diversas catergorias com subitens, como: TRANSPORTE (ônibus, táxi, parcela de carro, gasolina, IPVA, estacionamento, manobrista, manutenção, etc), ESTUDOS (faculdade, pós-graduação, livros, cursinhos, etc), GASTOS PESSOAIS (compras, presentes, etc), SAÍDAS (jantares, butecos, baladas, etc), ESPORTES E LAZER (cinema, teatro, academia, etc).

Esse controle dos gastos é importante porque podemos perceber para onde vai nosso dinheiro. Muitas vezes um dos nossos maiores gastos é algo que nem imaginávamos. Outras vezes, uma despesa que já sabíamos ser grande se mostra ainda maior. Além disso, nos meses em que descontrolamos (gastamos mais do que o dinheiro do mês permite), podemos observar a planilha de gastos e perceber quais despesas foram responsáveis pelo vermelho.

Pode não haver necessidade de fazer essas planilhas para o resto da vida, mas no mínimo três meses são necessários para percebemos com o que gastamos nosso dinheiro. Normalmente, algumas pessoas tomam gosto e continuam elaborando as planilhas, que são, de fato, extremamente úteis.

Uma vez que já se tem pleno controle do quanto se pode gastar, e já se conhece as principais despesas mensais, o caminho do planejamento financeiro está aberto, que é justamente programar e aplicar economias mensais com o objetivo de constituir uma poupança.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Carnaval em Salvador: dicas

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A viagem para Salvador durou no total 10 dias, sendo 2 dias e meio em Imbassaí, uma linda praia a 65km de Salvador, depois Carnaval, e mais dois dias finais, divididos em Praia do Forte e turismo em Salvador. Vale lembrar que, em Salvador, o Carnaval vai de quinta-feira a terça-feira, ou seja, 6 dias de folia. Foi excelente, recomendo a todos. É importante planejar tudo com antecedência, pois a viagem está longe de barata, e merece ser curtida sem “amarrar micharias”.

Como é de costume, depois das viagens eu faço uma planilha com todos os gastos, e ao fim, peço ao Excel que formule um gráfico pizza, para que possa visualizar com mais clareza os gastos mais expressivos. O de Salvador ficou assim:


Como vocês podem ver, os principais gastos são com festas (abadás e, principalmente, camarotes) e com estada, que realmente sofre um aumento descomunal no preço regular. A boa notícia, é que justamente esses dois gastos podem (e devem) ser pagos com bastante antecedência.

No tocante às festas, recomendo comprar o pacote de todos os dias de um camarote específico (se for para sugerir, sem a menor sombra de dúvida o Camarote Salvador – a superioridade é realmente impressionante). Esses ingressos irão se valorizar até na semana do Carnaval, e podem servir de moeda de troca para outros camarotes ou trios elétricos. No nosso caso, o preço oficial na semana do carnaval estava quase o dobro do que pagamos.

Os primeiros lotes desses camatores para 2011 já estão a venda, por um preço que vai aumentando progressivamente. É possível pagar até em 8 ou 10 vezes, o que dilui os gastos e diminui o impacto no orçamento. No início, o preço não aumenta muito a cada lote, já no final...

Quanto a hospedagem, recomendo fechar até Agosto ou Setembro com algum hotel que esteja localizado no circuito do Carnaval. Isto é, na própria avenida, ou a, no máximo, 1 quarteirão dela. O conforto pela proximidade não tem preço: táxi é difícil de achar e caro; tem trânsito; a segurança no circuito é grande, fora dele, nem tanto; dentre inúmeros outros motivos. Recomendo também um hotel localizado no meio para o final da avenida (Ondina), que é onde ficam os camarotes e onde acabam os trios. Outro detalhe: o ar condicionado é essencial, se você quiser dormir e descansar para aproveitar as festas. Não se iludam, o preço que for economizado num ar condicionado vai atrapalhar a curtição do maior gasto da viagem: a folia.

Esteja preparado para pagar o valor integral do hotel antecipado, pois neste caso você consegue negociar e conseguir um grande desconto, diminuindo até mesmo o valor promocional oferecido. Não feche o hotel sem barganhar muito, pois, afinal das contas, você estará pagando integralmente o pacote 6 meses antes do Carnaval.

Vale a pena também comprar com antecedência as passagens aéreas. Se possível, tente tirar férias na semana anterior ao Carnaval. Isto porque alguns dias antes da folia, e 1 ou 2 dias depois, as passagens são muito mais baratas. No nosso caso, tivemos que remarcar a ida, e por isso pagamos algumas taxas que encareceram um pouco nossa passagem. Além da tarifa menor, você terá alguns dias de sobra para aproveitar em uma pousadinha na Praia do Forte, Imbassaí ou outra praia linda das redondezas, só descansando e preparando para a bagunça. E conforme mostra o gráfico, os gastos neste passeio complementar não serão nem um pouco pesados...

Uma vez compradas as festas, as passagens e fechado o hotel, é só relaxar. Sua viagem já está arrumada, 90% dos gastos já estão pagos ou sendo pagos – e o melhor: antecipadamente, o que significa zero de dívidas para não aumentar ainda mais a ressaca carnavalesca.

Por fim, quando chegar em Salvador, não se preocupe tanto em conter gastos, até mesmo porque eles quase não existirão. O “grosso” já está pago, então coma bem, compre cervejas e isotônicos para o frigo-bar do hotel e aproveite!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Viagem

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Pessoal,


Estive fora de BH por uns dias, e estou devendo posts.

Vou aproveitar a experiência da minha viagem - Carnaval em Salvador e passeios nas redondezas - para escrever um artigo sobre planejamento financeiro nas viagens de lazer.

Terá inclusive um gráfico de percentuais de gastos, que pode ajudar no planejamento de todos os que querem passar um Carnaval em Salvador. A propósito, foi excelente, fantástico. Muito bom mesmo. Recomendo!

Abraços e até!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Tesouro Direto - uma poupança em renda fixa

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Muita gente já ouviu falar, mas poucas pessoas sabem como funciona, e menos ainda têm o hábito de investir em títulos do Tesouro Direto. Esse tipo de investimento pode ser uma excelente alternativa aos tradicionais fundos de renda fixa, CDB ou similares, e ao contrário da fama, nada têm de misteriosos ou complicados.

De uma maneira simplificada, comprando títulos do tesouro direito, você estará emprestando dinheiro para o governo. É um investimento considerado conservador, com alta segurança e risco praticamente nulo. Por outro lado, as taxas de rentabilidade fornecidas são especialmente atrativas se comparadas às taxas dos diversos fundos de renda fixa tradicionais.

Para se conseguir uma boa rentabilidade em fundos de renda fixa, digamos algo em torno de 10 a 12% ao ano, é necessário investir em fundos de “elite”, isto é, com um grande capital inicial. Geralmente, esses fundos são disponibilizados pelos bancos para investimentos iniciais de R$ 100.000,00 ou mais. Investindo em tesouro direto, consegue-se tal rentabilidade com investimentos a partir de R$ 150,00 ou R$ 200,00. Isto porque os diversos títulos disponíveis têm valores variados, e é possível comprar frações de título em múltiplos de 2: 0.2 de um título, 0.4, 0.6, 0.8, 1.0, 1.2, etc.

Outra grande vantagem é a taxa de administração cobrada, que é incrivelmente inferior à cobrada pelos bancos, além de não termos o problema do come-qüotas, famoso por diminuir a rentabilidade. A grosso modo, o come-quotas é uma forma de remunerar aos bancos pelo serviço de administração do fundo, no qual de tempos em tempos, uma parte de seu capital “some”.

Os títulos são divididos em: prefixados, indexados ao IPCA ou IGP-M e indexados à Selic.

Ao comprar um título prefixado, você saberá exatamente o quanto ele vai render anualmente até a data de seu vencimento (cada título tem uma data de vencimento, mas não é necessário esperá-la para liquidá-lo), e é uma boa opção de investimento.

Os títulos indexados ao IPCA ou IGP-M também têm uma rentabilidade certa anual, que é acrescida da correção da inflação, pelos indíces IPCA ou IGP-M. A grande vantagem é que a rentabilidade proposta é “real”, isto é, é acima da inflação. Por isso, a rentabilidade é aparentemente menor à do prefixado (6% contra 10 ou 11%), mas muitas vezes acaba se tornando maior, pois recebe a correção do índice de inflação, que é variável. Neste tipo de investimento, você além de se blindar contra a inflação, garante um rendimento certo e prefixado anual.

Por último, temos os títulos indexados à Selic, que são pósfixados. Isto é, o rendimento acompanhará a taxa Selic, e não há certeza de quanto renderá. Esse tipo de título pode ser considerado menos atrativo, pois além de não permitir uma projeção concreta, tem obtido menores rentabilidades, devido aos cortes sucessivos na Selic e à tendência de sua constante redução no longo prazo.

Importante também esclarecer que os títulos tem nomes, e os nomes são apenas aparentemente confusos: NTN-F, NTN-B, NTN-B Principal, LTN, LFT e outros. Mas não se assuste! O próprio site do Tesouro explica de forma clara as diferenças de cada um, que podem ser resumidas em uma dica principal: inicialmente, prefira os títulos que não pagam cupons. Alguns títulos (NTN-F e NTN-B), pagam semestralmente parte do dinheiro investido - cupons, até a data de vencimento. Geralmente possuem taxas de rentabilidade maiores, mas a desvantagem é que o dinheiro que lhe for pago não renderá mais, ou seja, diminuirá o efeito juros sobre juros e consequentemente o montante final.

Para investir em títulos do tesouro, é necessário o intermédio de uma corretora, que pode ser qualquer operadora de bolsa de valores ou seu próprio banco, via home banking. Para flertar com os títulos e conhecer mais, acesse http://www.tesourodireto.gov.br/. Não deixe de clicar em “preços e taxas dos títulos” para conferir as ofertas e as rentabilidades propostas. Vale lembrar que os títulos ofertados mudam constantemente, e portanto, se hoje você não achar um título nas suas condições ideais, nada impede que daqui a uma quinzena ele seja ofertado.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mídia: Entrevista Rede Minas

Pessoal,

No mês de outubro do ano passado, tive o prazer de participar do programa Brasil das Gerais do canal Rede Minas.

Seguem abaixo dois links do You Tube de pequenos trechos do programa.

http://www.youtube.com/watch?v=Z77s7YPZSwM

http://www.youtube.com/watch?v=0aZtxB6HkAo

Abraços a todos!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Mídia: Reportagem Jornal Estado de Minas

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No dia 25 de outubro de 2009, fui entrevistado para uma reportagem do caderno de Economia do Estado de Minas.

Segue a reportagem digitalizada. Obs.: Para ler a reportagem, gentileza clicar sobre as imagens.




sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Janeiro Injustiçado

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O final do ano passou e janeiro chegou. Janeiro é aquele mês em que gastamos muito mais dinheiro, pois ficamos atolados em dezenas de contas, correto? As nossas despesas aumentam monstruosamente, pois pagamos IPVA, IPTU, material escolar dos filhos, anuidades de conselhos de profissão, etc. Mas na verdade, essa situação não precisa necessariamente acontecer.


Realmente em janeiro recebemos diversas contas que devem ser pagas e, se não houver planejamento, podemos ficar completamente sem dinheiro, assumindo dívidas, utilizando o cheque especial e entrando no vermelho. Mas será que realmente o mês de janeiro é o culpado? Isto é, será que as contas de janeiro são despesas do mês de janeiro?

Na contabilidade, temos um princípio fundamental, chamado Princício da Competência. Uma das implicações desse princípio é que devemos assumir e reconhecer as despesas no momento em que elas ocorrem, mesmo que ainda não tenham sido efetivamente pagas. Aplicando a contabilidade ao nosso cotidiano, veremos que: se pagarmos um jantar hoje, com cartão de crédito, a despesa deve ser de hoje, e não do mês seguinte, quando a fatura do cartão chegará e efetivamente tiraremos o dinheiro “do bolso” para pagá-la.

Nesse sentido, vale fazer as seguintes reflexões: Moramos em nossas casas apenas no mês de janeiro ou em todos os meses do ano? Utilizamos nossos carros apenas em janeiro ou também nos outros meses? Exercemos a profissão de advogado/médico/engenheiro/contador/etc. apenas em janeiro? Vale também lembrar que janeiro é o único mês do ano em que nossos filhos não estudam, embora todo o material seja comprado nele...

A conclusão é bastante óbvia, não? O que acontece é que em janeiro pagamos contas que representam despesas do ano inteiro, e não só de janeiro. O mês de janeiro não deve ser injustiçado e responsabilizado por isso, pois as despesas não pertencem a ele. Por esse motivo, devemos planejar e distribuir tais despesas ao longo do ano, para que não ocorra a sobrecarga financeira no início do ano.

Aproveite este mês de janeiro para separar e anotar todas as contas “extras”. Some o IPTU, IPVA, contribuição do conselho e faça a divisão do valor total por 12. O resultado é o valor aproximado que deve ser guardado a cada mês para que o janeiro de 2011 não seja o mesmo sufoco. Mas atenção! Não deixe o dinheiro parado na conta corrente, pois além de não render, certamente acabará sendo gasto sem nem mesmo notarmos. Deposite as quantias rigorosamente após o recebimento do salário mensal em uma nova poupança, um novo fundo de renda fixa, CDB ou investimento similar de seu banco. Assim, o dinheiro ficará reservado, e até mesmo renderá alguns trocados para aliviar ainda mais o início do ano seguinte.