quinta-feira, 28 de abril de 2011

Consórcios: uma boa ou não?

Imagine que você e mais 19 conhecidos desejam ter o mesmo bem: um veículo de 40 mil reais. No entanto, ninguém tem essa quantia a vista, e por variados motivos, não desejam contratar financiamento. Então alguém surge com a seguinte idéia: todos vão pagar 20 parcelas mensais de 2 mil reais, pois, assim, a cada mês vocês terão dinheiro suficiente para comprar um carro, que será sorteado entre os participantes. No final dos 20 meses, todos terão seus carros, sem ter recorrido ao financiamento e sucumbido às taxas de juros praticadas pelo mercado.


Essa é basicamente a idéia dos consórcios. É claro que, consórcio comercial, não se compra um veículo específico, mas sim uma carta de crédito, no valor de X mil reais, que poderá ser utilizada para comprar um carro neste exato valor ou ser dada de entrada para um carro mais caro. Exatamente o mesmo com imóveis: a compra de uma carta de R$ 80 mil não significa que você precisa comprar um imóvel de R$ 80 mil, posto que esta carta pode ser, por exemplo, utilizada de entrada em um imóvel de R$ 400 mil.

Inicialmente, se não houver urgência de adquirir o bem, o consórcio se mostra uma ótima opção. Entretanto, do ponto de vista do planejamento financeiro, o tema divide opiniões e não se mostra tão simples assim...

Nesse sentido, pretendo traçar algumas considerações sobre o consórcio, tentando chegar à conclusão de quando será realmente interessante, e quais cuidados devem ser tomados no momento da escolha. Considerarei somente a hipótese de sorteio, e não a hipótese de ofertar lances (nos consórcios, geralmente são entregues duas cartas de crédito: uma ao sorteado e outra a quem oferecer a maior quantia à vista pela carta).

O primeiro ponto, de natureza elementar, é a de que o consórcio no mercado não funciona como o consórcio dos amigos citado no início deste texto. Ao contratar-se um consórcio, não se pagam juros, mas paga-se uma taxa de administração à consorciada, além de um seguro de vida que quitará suas parcelas caso algum infortúnio lhe aconteça.

Exemplo real (simulação do site da Minasmáquinas):

Uma carta no valor R$ 120.000, para aquisição de imóveis, implicaria em 144 parcelas mensais de 1025,54. Ao final dos 144 meses, o valor total pago pela carta de 120 mil será de R$ 147.677,76 .

A diferença entre o valor da carta e o valor pago é a taxa de administração somada ao seguro de vida. No entanto, assim como sabemos que fadas e duendes não existem, sabemos que essa taxa e esse seguro funcionam de forma análoga aos juros do financiamento.

No financiamento, você paga o juros justamente pela comodidade de ter o bem naquele exato momento. Ou seja, o juros são devidos pela antecipação de um dinheiro que você não tem. No consórcio, você não tem nenhuma garantia de que terá o bem naquele exato momento. Há, inclusive, chances de você somente adquirir o bem na última parcela de pagamento. Por isso, a taxa de administração do consórcio deve ser muito inferior aos juros, para que compense o risco da demora no recebimento do bem.

Veja: se no financiamento você paga os juros pela certeza de ter o bem na hora, e essa certeza não existe no consórcio, não faz sentido você pagar um valor próximo ao dos juros.

Importante então pensar o seguinte: se você der sorte,e for sorteado no início do consórcio, será um excelente negócio! Você teria assumido uma “taxa de juros” baixa, pelo risco de demorar a receber o bem, porém o recebeu rapidamente.

Por outro lado, se você for um dos últimos a ser sorteado, terá sido um péssimo negócio! Você teria pagado uma “taxa de juros” à toa, pois, já que não receberia o bem antecipadamente mesmo, poderia simplesmente ter juntado as parcelas e pagado à vista. Ou ainda: poderia ter investido as parcelas, e além do rendimento obtido rendimento, negociar um desconto pelo pagamento à vista.

Tudo parece, então, ser uma questão do momento em que se é sorteado. Ao compararmos um exemplo real de financiamento com um exemplo de consórcio, será que é possível achar o ponto exato no tempo, no qual o consórcio passaria a ser um mau negócio?

Vou pesquisar e tentar pensar algo nesse sentido. Se alguém tiver alguma sugestão ou dica, gentileza contribuir! Voltarei depois com mais considerações sobre o consórcio.

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